quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Reality Changer - Minha Retrô

Descobri tardiamente a família Narvaez, assim como boa parte de vocês também o fará depois deste post. Há duas semanas, recebi um link de minha chefe, Alexa e o pai cantavam Feliz Navidad. Fato é que me encantei com o trio, Alexa, Jorge e Eliana, a caçula. Desde então, vejo cada video, aguardo com ansiedade cada atualização, repito as canções incessantemente e quero compartilhar com todos os links que me causam sorrisos emocionados. Eles estão me acompanhando, iluminando os últimos dias de um ano difícil. As gargalhadas de Eli, a voz de Alexa e a boa vontade do pai artista.

A companhia do trio me faz não querer remexer nos últimos doze meses que se passaram; me faz apenas ter a vontade de estar vivendo tudo aquilo, de compartilhar das brincadeiras e das músicas; transmite a esperança de tudo pode ser revisto, recosntruído, reinventado. 2011 foi um ano extremamente difícil, talvez o mais duro de todos os 28 que tenho a contar. Por outro lado, não titubeio em dizer que este foi o período em que mais aprendi, em que mais dei a cara a tapa, espcialmente no semestre final. A sensação que me fica é outra: não sei se 2011 começou tardiamente ou se terminou muito antes.

Hoje, me sinto muito mais mulher do que há 365 dias. Passei por poucas e boas, situações que não imaginava, situações que não esperava, situações que nem cogitava. Fui muito magoada, passei muito nervoso e preocupação. Mas fui muito recompensada também; busquei a força de algum canto qualquer da alma até que pudesse reluzir e me botar pra frente. O saldo - há um saldo grande, apesar dos arranhões e ferimentos - é grande. Tive de buscar muita novidade, colocar em prática o que parecia longe, encarar e resolver o que era distante. Tive de criar novos caminhos e tive que virar a mesa, por mim. Resgatei minha essência que, confesso, havia deixado de lado nos meses finais de 2010 e nos primeiros bimestres de 2011. Sinto a energia correndo nas veias como sempre Pamela Forti, mesmo que ainda acompanhado de alguma incerteza - coisa de seres humanos...

Por todas as vezes que me fiz de durona, este ano chorei muito. Talvez tenha batido meu próprio recorde, tantas foram as vezes que engoli as lágrimas outrora e segui ignorando minha alma afogada. E me permiti chorar tanto quanto necessário. E aprendi a fazê-las cessarem também. Chorei de tristeza, de desassossego, de desespero, de preocupação e de solitude. Não posso reclamar de solidão, tantos são os valiosos amigos que tenho e que estão aí pra tudo. Pra fazer revezamento todas as noites para não te deixar sozinha, para ir falando contigo ao telefone no caminho para o hospital, pra fazer cessas as noites de Netflix.

Dificuldades profissionais, três mudanças de chefia e de rumo, muita apreensão e questionamentos, até que tudo pudesse estar de volta com eixo, com novas perpectivas, reconfortada e revigorada.
Questões pessoais, grande decepção, saúde, família, meu novo papel no meio disso tudo, novidade nem sempre agradáveis. Mas tudo acaba bem; há sempre de acabar bem.

Meu grande erro - se é que houve um grande erro - foi ter começado o ano entregue. Comecei o ano cansada de tentar, das lutas. Comecei o ano com um ar que não era meu. Passei boa parte do ano calada. "Só pode ser uma fase, ainda mais se tratando de você", disse uma amiga das antigas.  Recuperei o fôlego no final do ano: voltei para a Wise Up, onde conheci pessoas lindas que me cativaram demais; entre alunos e equipe. E toda aquela troca me revigora. Troquei um por outro, fiquei meses sem dançar. E a essência a gente não deixa de lado. Ela está me cobrando, pronta para explodir já na segunda semana de 2012.

O ano se encerra na companhia de uma família que, depois de despedeçada, ressurgiu por meio da arte.  E que se auto-denominam "Reality Changers" -  Transformadores da realidade, em tradução livre. E não importa o quanto tenham sido sofrido, desde que tudo tenha sido um empurrão, um motivo para as gargalhadas de Eliana e a voz de Alexa, que ecoam por aí , me fazem abrir um sorrisão no rosto todas as noites e ver um tremendo arco-íris de otimismo e esperança!

Um 2012 tão explosivo e colorido quanto o meu!

** Alexa and Jorge Narvaez - Wake me up when September ends
** Eliana Narvaez - Blueberries/Boli Song

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Acho que posso dizer

Acho que hoje posso dizer, sem pudor, que cansei de procurar o "amor da minha vida". Creio que possa admitir que ele se perdeu de mim; que eu o perdi, ou que eu me perdi dele. Posso pensar que ele nunca vá encontrar o caminho de volta ou que talvez nunca tenha encontrado o de vinda. Posso admitir que ele se foi, que nunca veio, que não virá. Que talvez não saiba chegar ou que fique escondido para sempre. Posso aceitar que passou, que não chegou. Posso confessar que dá pra viver sem isso sim, muito embora não quisesse.
Perdoem aqueles que continuam torcendo pela protagonista de novela, mas talvez ela tenha desistido do último capítulo. Pode até parecer triste, dolorido; mas é muito menos doloroso do que continuar buscando...

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Entrelinhas

Num dia desses, meses atrás, entrei no elevador e, no andar seguinte, ganhei a companhia de um senhor de cabelos e cavanhaque grisalhos, o qual já visto ali pelo prédio. Enquanto eu mantinha o olhar fixo entre o assoalho e as paredes do elevador, ele me disse: "Você está com uma cara de arrependida..." Levantei os olhos. "É, talvez eu esteja arrependida..." Plim. Hora de descer. "É, mas valeu pelo arrependimento,né?", completou quase em tom deboche, e saltou. Quanto a mim, sorri com a (sim) empatia do homem. Sorri e desisti de arrepender-me...

Lembro-me também do taxista carioca que me perguntava sobre a 25 de março e os lugares que o Datena mostrava no noticiário. Me falou sobre a violência, o tráfico, o turismo, me mostrou a Lagoa, falou sobre casamento, idas e vindas. Duas horas e meia depois, saltei no Galeão. Paguei a corrida. "Obrigada pela companhia, moça!", exclamou. Até hoje me pergunto quem fez compahia a quem, naquela viagem bela e solitária...

E no toalete do teatro, a garotinha me pergunta: "Você faz escova?" - "Às vezes eu faço", respondi. "Eu queria fazer escova um dia", retrucou, do "alto" dos seus cinco, seis anos. "Você tem nosso CD?", respondi negativamente. Ela e as amiguinhas faziam parte do coral do orfanato, que cantaria com Toquinho. Me dispus a passar  batom em todas - já que não podia arrumar-lhes o cabelo. No final do show, um rapaizinho toca meu ombro, com um CD em mãos. "Mandaram entregar pra você. - "Pra mim? Quanto é?" - "Não, é um presente". Nunca mais ouvi Aquarela da mesma maneira.


Porque a vida acontece nas entrelinhas, naqueles momentos em que ela te pega desprevenida, num dia já dado por encerrado, naquele subestimado instante de letargia...
 Que em 2012 possamos ler e sentir as entrelinhas, onde a verdadeira mágica da vida acontece...


"Somento quando se percebe o invisível, é que se pode alcançar o impossível"
Maurício Louzada

Um bom Natal e lindo 2012!!!

Beijos enormes,
Pamela



segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Antologia

  • Aprendizado do final de semana: A razão nunca vai controlar a emoção. Razão é razão, emoçao é emoção. Não misture alho com bugalho.
  • Aprendizado da quinzena: Faça o que te faz bem e sentir-se bem. E ponto. E não faça o que não te faz sentir bem. E ponto de novo.
  • Aprendizado do mês: Devo ser mais flexível comigo mesma. Afinal, eu crio minhas próprias "burocracias".
  • Aprendizado dos últimos 45 dias: Vale a pena. 
  • Aprendizado do bimestre: Eu adoro minha companhia e nunca estou sozinha. Fato.
  • Aprendizado do trimestre: Apenas faça. O que tem pra hoje?
  • Aprendizado do quadrimestre: Não se reprima.
  • Aprendizado do semestre: Isso passa.
  • .Aprendizado dos últimos 9 meses: Jogue mais luz no que de bom acontece.
  • Aprendizado do último ano: Faz parte do (meu) show. Mesmo que o número não tenha um grand finale.


"A arte de viver é aprender no dia-a-dia"




domingo, 4 de dezembro de 2011

Máscara de ferro e luva de pelica

Para quem usa máscara de ferro, um tapa na cara com luva de pelica arde como queimar o dedo com ferro de passar: dói, dói, dói e demora a cessar. Mesmo que o machucado seja superficial.

Sempre me perguntei porque aqueles que parecem mais altivos são, muitas vezes, os que sustentam castelos de areia.  Aquelas pessoas que fazem questão de intimidar, o fazem por medo; sim, é um fato. Não o fazem por poder, por capacidade. Os mais seguros de si são os que sabem que podem baixar a guarda, pois nada têm a temer. Permanece com o dedo em riste, com a arma em punho, com a flecha apontada quem carece de recursos e temem que algum "lobo" sopre sobre a casinha de sapê. E ataca para evitar ser atacado; fecha-se para nao correr risco. O medo da própria vulnerabilidade acaba por afastar pessoas e situações interessantes; desperdiça uma série de aprendizados e descarta aliados. Ignora o que há de mais humano em si e nos outros. Prende o choro e agua as emoções....




quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Hoje eu queria

Hoje eu queria

Largar-me
Jogar-me
Relaxar
Atirar-me
Soltar-me
Deixar-me
Cair
Lançar-me
Liberar-me
Desfalecer
Pular
Arremessar-me
Saltar
Abandonar-me
Permanecer
Continuar
Ficar
Esmorecer
Adormecer
Pender
Acalmar-me
Paralisar-me
Descansar
Caber
Encaixar-me
Repousar
Recostar-me
Esconder-me
Amparar-me
Estar
Resignar-me
Esperar

Nos teus braços. 





quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Adoro Joaninhas. Uma delas pousou em mim, agora há pouco; era preta de bolinhas brancas e alaranjadas. Pegou carona até a Praça da República, onde deve ter ido encontrar as companheiras de espalhar cor e sorrisos por aí.
Teimo em achar que joaninhas prenunciam sorte.

domingo, 23 de outubro de 2011

Uma escolha é sempre duas

Tudo contém em si também o seu contrário, segundo a teoria da dicotomia. Dentro de um "sim" há sempre um "não". Cada escolha contém um universo de possibilidades - e de perdas, de senões, de poréns. Há muito o que escolher na vida, mas há muito o que se deixar escolher também. É esta eterna dicotomia que bate à porta anos depois, com a conta na mão, como um post-it fluorescente que não deixa esquecer da opção feita no passado. Que se aproxima travestida de dúvida, de curiosidade, de um mau humor súbito e um desânimo sem explicação. É um inexplicável sonho na madrugada, a lembrança no meio de um dia de trabalho, o cheiro que faz arrepiar a espinha. Elas vêm pra lembrar de um amor mal-resolvido, da esperança deixada pra trás, da falta de coragem daquele dia ou da vontade reprimida.

Há muito o que se escolher nesta vida, mas há muito também que deixar-se ser escolhido. Sussura no ouvido, vez ou outra, a possibilidade negada e a impossibilidade de ver o que não aconteceu. Escolhes com os elementos que te circundam no instante da decisão. Mas já não serás o mesmo que vai refletir sobre ela pouco depois... É aquela voz que fala somente à alma, que não faz ruído algum. Mas que ecoa, ecoa, ecoa...

domingo, 16 de outubro de 2011

Um dia a mais

Ela viva assim. Parecia sempre tranquila enquanto rusheava pela cidade. Corria de um lado para o outro. Deixar a peteca cair não era algo que se aplicava a ela. Muito pelo contrário. Jogava-se no chão para segurá-la, tal como um jogador de vôlei esfola os joelhos para impedir o ponto do adversário. Ia caminhando pelo corredores e fazendo o tec-tec dos sapatos de salto médio; precisava de praticidade, mas de alguma altivez, que mantinha sempre com a peteca na mão.

Ia e voltava mais de três vezes ao dia; mantinha os pensamentos meticulosamente organizados mesmo quando parecia que ia perdê-los de vista. Alguns invejavam e outros criticavam a aura de infalibilidade. Encontrava energia quando as pernas bambeavam e não podia falhar com o próprio sono! Mas mantinha sempre-se centrada, em meio à correria, que não lhe fazia mal. Em meio aos horários, observava os carros na ponte e sentia a plenitude de fazer parte daquilo; no fim do dia, sentia-se parte do silêncio da cidade. E contemplava. Aproveitava tudo aquilo com devoção. Mesmo que houvessem dias cinzentos, sabia que eles não eram a maioria.

Naquele dia, foi. Foi novamente. Fez. Depois fez outra coisa. Fez de novo. Ligou. Desligou. Sabia exatamente o que fazer e como fazer. Escolheu os melhores brigadeiros. Sentia o sol queimar a pele com deleite, enquanto entrava no carro novamente, em busca de mais um destino. Fez uma série de escolhas, assumiu mais uma dúzia de afazeres. Gostava de olhar-se no espelho, impecável. Sorria para o carro ao lado, enquanto rumava ao supermercado, à padaria, à lavanderia, à perfumaria. Chegara em casa tarde da noite, quando o silêncio já reinava novamente. Sentara aliviada, mas já não sabia mais o que fazer. Naquela noite, quieta no sofá, envolta pela noite quente e linda, ela percebeu. Passava os dias afogando-se em compromissos que a entorpeciam, tentando fugir da imagem que não estava na moldura, mas que continuava ali, sentada no sofá...

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Feedback in me

Eu ODEIO o dia do feedback. Especialmente quando estou à frente de turmas que me cativam. Sim, porque eu sou uma dessas pessoas que se apegam - às coisas, às pessoas, aos lugares. Sim, eu sou uma dessas pessoas que acredita que a vida é mais do que um eterno vai-e-vem, sou uma dessas pessoas que valorizam cada olhar pela janela, cada soprinho e cada suspiro da vida e de vida. Que admira todos os acasos, detalhes e pormenores; que enxerga poesia ali na esquina...

E, mesmo em apenas dois meses - contra os seis de cursos regulares - eu consigo sair da escola como se tivesse deixado 18 filhos para trás. Ali da frente, a gente olha fundo nos olhos de cada um para tentar entender as angústias e dificuldades; tenta ser um pouco psicóloga, um pouco sargento, um pouco instrutora. E, muitas vezes, acaba se identificando, ganhando sorrisos, simpatias e algumas amizades. E é bela essa mágica da vida: uma grande perda pode ser revertida em 18 novas histórias e multiplicar aquilo que você havia esquecido dentro de si...

O corredor completamente vazio no fim do dia do feedback me faz querer preenchê-lo com palavras, com pão-de-mel, com uma ducha quentinha. Mas este é o tipo de vazio que não signfica ausência, mas que algo já foi devidamente preenchido.

domingo, 2 de outubro de 2011

Sobre cultivar e cativar

A gente cultiva de propósito, mas cativa sem querer. A gente cultiva aquilo que quer ver crescer e cativa pela força da vida e das afinidades. Me cativam o aspirante a monge, os alunos que me olham profundamente nos olhos e as crianças que pedem para segurar minha mão. E faço questão de cultivar tudo aquilo que me cativa; porque qualquer elo exige dedicação ou ele se perderá. Resgatá-lo é sempre mais difícil, exige uma dose extra de aragem. E de sorte.
A gente cativa e deixa-se cativar à medida que nos tornamos seres humanos melhores, à medida que estamos receptivos e deixamos fluir nossa essência; à medida que conseguimos a conexão com o que há de essencial no outro, enquanto seres humanos. E o cultivo é um trabalho árduo, mas gratificante, que requer investimento, paciência e ternura.
O que faz morrer uma coisa e outra, muitas vezes, é a artificialidade imposta pelas organizações e pelo excesso, pela aritificialidade que se impõe nos processos da vida de hoje e pela efemeridade das relações, pelo esvaziamento das relações humanas, que eu vejo agravar-se com o passar dos anos, presente da destituição das famílias, da falta de disposição para resgatar laços familiares, na preferência dos colegas de balada aos amigos de infância e na escolha de amores devastadoramente úteis e pré-datados. Meu querido leitor, meu querido companheiro, se gasto precisos minutos de minha vida escrevendo isso é com a sincera intenção de cativar-te e cultivar-te...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Os bolinhos, a faca e a chuva

Ela vinha com aquela faca pontiaguda e apontava para a minha testa. Nos meu cinco, seis anos, eu suava frio. Pensava o que queria aquela mulher, porque ela me apontava uma faca??? O que eu teria feito?? Passava tão pertinho que eu tinha a certeza que ela ia me machucar. Mas sempre errava o alvo. E sussurava coisas que eu não podia distinguir. Minha espinha dorsal se encolhia cada vez que eu via aquela mulher. E ela usava muita água. Lavava a faca, colocava um bocado num potinho. E voltava com a faca; aquele cabo de madeira da Tramontina, a ponta reluzente e encharcada de água. Em alguns momentos, eu era capaz de sentir minha testa furar.

Estive lá muitas vezes, em companhia da minha avó. Chegava na porta daquela casa de muro amarelo e muitas plantas na porta e já começava a ter calafrios. Subia a longa escada, também envolta em plantas, e me colocavam sentada num banquinho, ao lado do tanque. Chegando em casa, minha avó - que era cozinheira de mão cheia -  me fazia bolinhos de chuva. Colocava-os numa tigelinha e me dava um banquinho na mão. Punha-me a sentar atrás da porta da cozinha, que dava para a área de serviço do apartamento. Também não sabia o por que eu tinha que ficar escondidinha. Será que mais alguém queria meus bolinhos? Eram gostosos, como tudo o que ela fazia. O fato é que eu simplesmente obedecia. Só não aguentava comer todos de uma vez.

E ainda voltei lá muitas vezes. Com o passar do tempo, pedia para me levar lá. Com os anos, passei a compreender e entender que havia algum sentido invisível naquilo tudo. E lembro-me até do dia em que a filha dela me perguntou: "Você vai prestar vestibular para quê?" "Jornalismo", respondi, sem saber a razào da pergunta. Ela ficou calada por alguns minutinhos. "Você vai ter uma carreira brilhante, minha intuição não falha", respondeu. A dona Carola faleceu. A filha herdou o dom ou o ofício da benzeção. Lamento ter esquecido onde ficava a casa delas. Mas não há medo que resista quando me lembro dos açucarados bolinhos de chuva...

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O que há com a auto-ajuda?

Ouço com frequência um certo desdém, um certo preconceito com a literatura de auto-ajuda, vinda principalmente de um grupo que se julga um tanto intelectual demais para ceder a essas "bobagens", ou talvez um tanto "bem-resolvido demais" para admitir que, em sua natureza humana, todos precisam de um auxílio vez ou outra e que são todos um bando de mal-acabados; o "resolver-se" está sempre no meio do caminho...

Talvez, o grande preconceito esteja exatamente aí: em admitir as próprias mazelas, o próprio sofrimento, o medo de dar vazão àquilo que tanto se tenta deixar debaixo do tapete. Daquilo que nos faz humanos e desfaz os heróis - é o amor pela Mary Jane que faz Spider Man vacilar. E andar com um livro debaixo do braço, cuja capa faz denunciar sua sensibilidade não é coisa para gaúchos, tampouco para marxistas; perdoem-me os estereótipos.

Penso que, se nos submetêssemos mais a este tipo de leitura, de exposição a nós mesmos, teríamos menos preconceitos e menos barreiras na sociedade. Entender a si mesmo é a chave para uma convivência mais harmônica. Mas é justamente a resistência de uma (grande) parcela, que prefere não enxergar problemas em si mesmo, que prefere não admitir suas imperfeições e a falta de coragem para se deparar com elas e corrigí-las, que mantém petrificados alguns pensamentos. Que perpetua os nós nas relações, que ergue barreira e que não enxerga a vida em sua unidade...

By now

E eu quero todas as boas vibrações, todos os bons fluidos, todos os amores e todas as possibilidades... 
E quero também todas as jujubas que colorem e adoçam essa vida, as músicas velhas do Take That e a chuva rápida junto com o Sol, só pra terminar num arco-íris...
 
 

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A primeira-feira

Segunda-feira é sempre a primeira-feira; sim, porque todo mundo só "começa", só dá a partida em si mesmo neste dia; domingo é o dia mais delicioso; o ano podia ser feito somente de "últimas-feiras"....
Além do que Garfield costumava preconizar - a melancolia e a preguicite de uma segunda-primeira-feira, a segunda guarda uma série de outras coisas dentro do seu simbolismo. É sempre um pequeno novo ciclo a se renovar ou a anunciar que a vida e a rotina permanecem exatamente as mesmas....

E esta primeira-segunda-feira é uma última primeira-feira de ansiedades; ela começa anunciando mudanças, ou, ao menos, esperando por elas. É como a largada de uma corrida que se finda ali, no sábado. Renovam-se os planos, refazem-se as esperanças e os objetivos. Mas o que é mais aparente - e a maioria não se dá conta - é que é apenas na terceira-feira (a terça) que algo passa realmente a acontecer. Quantos planos você executou numa segunda? Desafio-te a comparar com as outras-feiras... Segunda (ou primeira) é o dia das doses homeopáticas, da procastinação e da marcha lenta, afinal, ainda há outros quatro dias para se resolver a vida... Aliás, quem falou que a vida está aí pra ser resolvida? Nós é que nos desafiamos a sermos resolvidos, a todo o momento...

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Mix mix mix

Nesse momento, estou brigando comigo mesma. Uma parte quer se entregar à preocupação, à lembrança ruim, aos milhões de coisas a resolver. A outra, quer curtir a iminência da viagem, a oportunidade que bate à porta. Não sei qual o sentimento mais adequado. Hoje, solidão e carência chegaram sem o mínimo aviso. Ofuscaram minha correria com a viagem. Agora, eu quero curtir a janelinha do avião, mas sem pensar. Quero ver Copacabana, o Leblon. Ver o mar pelas paredes de vidro do aeroporto e derrubar uma lágrima marota por finalmente estar conhecendo a Cidade Maravilhosa. Sim, eu me emociono com a beleza de algo que, pra alguns, é trivial. E quero saber que mais uma etapa foi vencida e mais um sonho conquistado; ah, e mais uma missão cumprida. Pena não poder te contar tudo isso.... Conto a vocês.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

O novo tabu

"Mesmo sem dizer seu nome, as pessoas reconhecem o sentimento de melancolia. Está na hora em que você percebe não fazer parte da festa, no banzo da noite de domingo, na lembrança da morte"

Excerto do Folha Equilíbrio de hoje.

A sociedade de hoje impõe a felicidade a todo o preço: se vc está infeliz, nao pode fazer parte da roda; se não se diverte com o funk, afaste-se; se não rir da piada sem graça, você é amargo. É exstamente essa plastificação da vida que me incomoda. A gente vai se artificilizando, atropelando as dores, suprimindo a reflexão e acumulando poeira debaixo do tapete. A gente quer virar "Fake plastic trees" mesmo? Qual o tamanho de nossa sombra? Tudo faz parte; o ser humano é holístico. A imposição da balada torna os momentos mais duros inconvenientes. Mas será que essa inconveniência não é reflexo da fragilidade do contentamento, da pseudo-alegria? Caso contrário, pra que tanta resistência?

sexta-feira, 29 de julho de 2011

e eu não sei desviar da saudade; fico fingindo que ela não veio. Finjo que não estou nem aí. Um dia me convenço. Logo me convenço.

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Ainda olho pra unha roxa... E penso nela como um termostato: não vejo a hora de que a marca se vá. Penso que tudo vai voltar a ser como era antes da unha roxa...

domingo, 24 de julho de 2011

ASAP

Eu ia dizer que vou ter saudade até o fim dos dias. Mas isso nao é verdade: eu sei que tal fim dos tempos pode ser amanhã, pode ser semana que vem, pode ser daqui um mês. E o sonho a que duramente vou pondo fim, nunca terá sido um sonho. Transformar-se-á em "mais um" e nunca terá parecido sonho até que os sinos soem novamente ou que os ventos da mudança parem de soprar.
E eu juro: o amanhã está logo ali na esquina. I feel it.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Chega de inundar-me a qualquer hora do dia... Isso tem que servir para algo.... Antes que eu desidrate permanentemente...

terça-feira, 12 de julho de 2011

A Monja e eu

Ela me olhava nos olhos – desconfiei. Não devia ser. Talvez um rosto diferente? Bem, não devia ser. Vívida, me encarou novamente. Estava com frio nos pés. Encolhi as pernas. Me olhou nos olhos de novo. Fecha os olhos, então. Uma lágrima. Abre, então. Outra. Fecha de novo. E outra. E outra, e outra, e outra lágrima muda. Será que pode chorar por aqui? Melhor não perguntar. Melhor não olhar para os lados também. Olho para ela. “Fui jornalista”... Sim, ela sabia que eu estava ali.

Pensava no Rô. Esqueci. Pensava no motivo que me trouxera ali. Pensava porque eu adiara tanto estar ali, por uns quatro ou cinco anos, mais ou menos. Esqueci. O motivo. Não pensa. Esquece. Lágrima. Enxuga. Pés frios; cruza as pernas, esconde os pés. Lembrei de novo. Não pensei. Não quis pensar. Melhor não pensar. Melhor esquecer. Observei as pessoas, as almofadas, as bolachas. E ela me olhava no fundo; mas não me encarava. Olhava, vívida. Sabia.

Pensei no Rô; olhei pra ela. Pensei em mim. E no motivo. Finalmente começava a esquecer. Ia abraçando as pernas. Uma lágrima só. O cara ao lado fez o mesmo; subiu as pernas e abraçou-as. Fui imergindo ali. Podia? Não sei.

Imaginei que sairia querendo falar e entraria no carro afogada em mim mesma, ensimesmada. Saí quieta. Falava com os olhos. Fiz o caminho mais longo até chegar em casa. Era comigo, sim.

terça-feira, 5 de julho de 2011

Just emotions

A vida não é uma caixinha de surpresas. Ela é razoavelmente previsível. As emoções é que são. Elas te estapeiam na face e te jogam na parede com um sopro. E você ali, inerte...

sábado, 2 de julho de 2011

... E foi porque eu imaginava que falaria da unha roxa. Viria e perguntaria como a machuquei. Riria da minha tolice ao prendê-la na porta e daria um suave beijinho na ponta que insiste em pretejar uma das unhas de que tanto gostavas. E porque queria te ver, te queria por perto, queria buscar a melhor palavra, o melhor carinho. E, ao mesmo tempo, temia em acabar por afastá-lo. Recuei.

E foi porque eu vi um sonho destruído em imagens coloridas... Um soco no estômago, detalhes ao vivo; um choque maior do que qualquer palavra. Não conseguia lidar com a ideia, nao conseguia aceitar, me conformar que aquela sutil intimidade gostosa ia embora....

E foi porque não consegui conter a dor dentro de mim, nao consegui lidar com a decepção, porque não sabia me conformar, admitir, aceitar. Eu queria o sofá, o cobertor rosa, o cházinho quente. E a imagem era como um atestado de desespero.... O equilíbrio me acompanhou até o quando pôde... mas as emoções.... essa sim é uma caixinha de surpresas...
Este é apenas mais um dos quatro ou cinco blogs que já tive. Pam's World, Pamdora, A filha do Vento, The blower's daughter... E pode ter até um ou outro perdido na história. A verdade é que às vezes me esqueço, às o tempo me afasta, mas a pena ainda é fiel amiga e confidente....
E, se antes eu atualizava os blogs tal como as publicações pelas quais zelo. Agora, sinto que as letras surgem com aquilo que quer transbordar pelos poros. Porque a correria nem me permite mais do que isso. E se antes eu gostava da presença certa dos seguidores, hoje me questiono sobre os benefícios da reclusão ou de ser encontrada assim, apenas ao acaso...