domingo, 27 de janeiro de 2013


Me pergunto se a tal pessoa que acendeu o sinalizador que condenou à morte outras centenas, sobreviveu. E me perguntava se o dono da brilhante ideia também. Indigna porque, mais uma vez, na mesma semana, poderíamos ter sido eu e você. Assim, jovens com a vida toda pela frente, que saiu de casa com todas as expectativas de um domingo preguiçoso, com muitos motivos para dar risada.

O problema é que é sempre mais álcool, sempre mais drogas, sempre mais luzes, mais velocidade, mais ação, mais "emoção". Não bastava o palco que muitos almejam, a casa de primeira linha, a multidão enfervecida. É preciso sempre mais. Os donos desses excessos condenam a própria e a de outros ao seu redor. E ainda alguém há de dizer: "pobrezinho, foi um acidente". Fechamos os olhos para os excessos, para a busca vazia de emoções efêmeras e incapazes de preencher o vazio maior de nossas vidas - a perda das relações, do respeito, dos valores, da capacidade ver a beleza natural, a vida despida de maquiagem.


E são essas as pessoas que frequentemente fogem das emoções da vida real. Que evitam as responsabilidades, os envolvimentos, o aprofundamento em qualquer questão que dure mais de uma noite e que não se vá em algumas horas. As emoções da vida cotidiana. Não constroem, não dizem, não se posicionam, não se responsabilizam e não se apegam.

A tragédia é sintoma de uma sociedade despedaçada, da ausência dos valores, da queda iminente daquilo que nos faz mais humanos.... Na mitologia grega, Zeus em todo o seu esplendor e glória, exibia-se entre raios e trovões, mas condenando à morte os humanos que queriam vê-lo.

Por que tanta gente esquece da nossa própria condição humana? Que precisa descansar, se machuca, que se ressente, que não é capaz de tudo?