segunda-feira, 10 de setembro de 2012

O gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou palhaço"


O gato bebe leite, o rato come queijo e eu sou... Jornalista!


Isso dito, fica claro: jornalista não é só uma questão de querer, é uma questão de ser. E não há muito como lutar contra a própria natureza, à inefável predestinação. É instinto que existe, que faz pensar em pautas em meio ao brigadeiro da tarde, no tombo do amigo e no singelo soprar do vento pela manhã. É muito mais uma questão de perfil, de não-explicar-se, de ser e nunca de estar. 

A gente é jornalista mesmo sendo professor de inglês, bailarina, faquir ou cozinheiro. É jornalista na cama, na ressaca, na desgraça, aos prantos e aos cantos. Em todos os cantos. Não é algo da qual se possa fugir. É como a maldição da Bela Adormecida - não adianta livrar-se dos teares, das agulhas, dos alfinetes. Você vai picar o dedo, a premonição se fará. Não há escolha real. 

E é por isso que eu ainda me disponho a pagar o preço, a pagar pra ver e a apostar naquilo que me faz brilhar os olhos... Não há nada mais que me faça suportar as dores de qualquer outro dia-a-dia, de subir as montar e saltar os obstáculos. Que me faça ver o Sol apesar-de-tudo. Por mais que eu tente, que eu me esquive, a alma vem cutucar: "Ei, mas e o jornalismo...?" Mergulho num texto e desapareço; fico imbuída de reportagem. E a satisfação de ver um texto pronto, redondinho. 

Dizem que a gente sempre tem uma escolha. E eu escolho ser feliz, deixar fluir, deixar viver. Sim, é uma profissão fascinante. E ignore quem ousar dizer o contrário.