domingo, 29 de julho de 2012

Miss Bricolagem


Hoje, recebi a missão de ir até a Leroy Merlin e comprar uma broca para a furadeira. Topei cumprir a tarefa atribuída por meu pai - que setorna sexagenário na próxima quarta-feira - e fui. A tarde ensolarada, do veranico que se instalou no dia de hoje deixou o trajeto mais agradável. Chegando lá, pus-me a passear pelos corredores, buscando um que tivesse a inscrição "ferramentas". Tamanha era a loja, que sentia como se estivesse caminhando quilômetros até encontrar a tal peça.

No trajeto, passei pelas peças de toalete e pelas maçanetes. Gastei um bom tempo observando cada uma delas. Pensava na minha futura casa; pensava que tinha vontade de comprar algumas daquelas peças e guardá-las, montar uma caixa "minha casa". Demovi-me da ideia, seria um tanto irracional. Os itens poderiam cair de moda, poderiam não combinar com a minha futura residência. Seria uma bobagem dispender meu dinheiro com isso agora.

Estava me divertindo ali solitária. Fui olhar as banheiras. Lembrei que eram frequentes as visitas em família à antiga "Madeirense" - a marca agora se junta a outros ícones como Mappin e Mesbla, que já se foram. Eu e minha irmã nos encantávamos com as banheiras. Entrávamos nelas, escolhíamos as redondas e pedíamos para o pai comprar uma (as redondas e mais bonitas nunca caberiam no nosso banheiro retangular, mas vá lá). Certa vez, ele chegou realmente a cogitar a possibilidade: trocar algumas peças sanitárias de lugar, desfazer-se do antigo bidê e teríamos espaço para uma banheira, das menores e retangulares. Claro que nem eu nem ela nos animamos em deixar de lado nosso sonho "redondo". Além do mais, as obras e os gastos não justificavam os benefícios. O único fato é que o bidê realmente deixar de existir dentro do cômodo...

Aqui em casa, sempre houve o hábito da bricolagem. Gastar o domingo fazendo pequenos reparos, melhorando um detalhe aqui e ali, dando um retoque. Nunca tivemos decorador, arquiteto, alguém que nos auxiliasse para isso; a não em caso de grandes serviços. Embora muita gente prefira ter um erstranho fazendo certos trabalhos, eu aprendi a ter satisfação pessoal em fazer isso. E não é simplesmente mera redução de custos, é ver a coisa acontecer, da maneira como eu quis. Me ver capaz, ver a coisa surgir. E de poder fazer sempre, a hora que eu bem quiser, sem depender de outro. Poder manter, sempre, as coisas nos conformes.

Pouca gente se dispõe a tal. Faz sujeira, dá trabalho, machuca as mãos e as unhas esmaltadas não duram. Para a maioria, é melhor passar o domingo no sítio, no restaurante, ou vendo o Faustão. Mas eu ainda acredito que isso é uma questão de valores: de cuidado com o seu espaço; e quem ama, cuida. Com o mesmo cuidado de um artesão.

Por fim, além das brocas, trouxe um jogo de espelhos (de tomada) para o meu quarto. Há meses os queria todos brancos. Terminei a tarde parafusando e desparafusando um por um. E arrastando alguns móveis para isso. Não tenho a minha casa ainda, mas vou ensaiando minha aqui dentro do meu espaço, do meu canto...

domingo, 15 de julho de 2012

E seu eu não quiser despertar? E se eu quiser viver criando o sonho quase real, vivendo a ilusão, compondo minha própria canção? E se eu quiser imaginar meu próprio videocliple, editar apenas com as partes mais bonitas e ter a trilha mais inspiradora? E seu quiser viver no meu parque de diversões holográfico, escolher as melhores lembranças e brincar com ela?
Quem vai me impedir?