domingo, 20 de maio de 2012

Eu evito as lutas do UFC, as artes marciais, o boxe, o MMA, o kung fu, os kimonos, o jiu-jitsu, as corridas, as grifes disso tudo. Evito as contas de física, a acupuntura, os canudinhos de chocolate, as batatas smile e a Granja Vianna. Evito os cavalos, Seabiscuit, os filmes com cavalos, os jóqueis, as hípicas, os pet shops, os golden, até a ferradura na porta de casa. Eu evito também as músicas do Oswaldo Montenegro e as cartas para Julieta. Só não evito as borboletas...


"A minha vida continua, mas é certo que eu seria sempre sua"



domingo, 13 de maio de 2012

A companheira - parte II


Deitava no sofá com um dos braços sob a cabeça; o outro empunhava uma revista. O corpo atlético estirado ao longo do sofá; os olhos fitavam calmamente a matéria, até que sentiu uma fisgada, dessas que passam logo. E passou mesmo. Mas veio a anunciar que já nao tinha mais concentração para continuar a leitura. Insistia nas letras. Olhava as palavras. Não enxergava mais o sentido entre elas. Fez novo esforço. Decidiu que leria até o final.

Ele tentava afastá-la, sem sucesso. Apenas uma delas poderia ficar. Inquieto, remexia-se. Perdia as linhas, retomava, ia e voltava. A moça aproximou-se. Recostou à beira do sofá, tentando ganhar atenção. Ele então, resolveu que não cederia a nenhuma das duas naquele momento. Fixou-se firmemente na leitura. Fincou o olhar na manchete, com certa dureza e indiferença. Quando encontrou-se novamente sozinho, largou a leitura de lado e sentou; apoiou os cotovelos nas coxas e esfregou o rosto, como se quisesse despertar.


Decidiria que honraria sua escolha. Não daria mais espaço àquela enxerida. Sabia o que queria. Retomou a rotina, a leitura, o hábito de tomar café com leite, de comer sonho e de pensar que não há mal na vida ser sempre a mesma; mesmo que assim não sentisse. Retomou o apreço pela mesmice, pelo fato consumado, pelo inquestionável. Mas não durou muito: antes do final da semana, sentiu a agulhada de novo. Debaixo d'água, entregue ao relaxamento do banho, sentiu que ela se aproximava. E que não consegueria detê-la. Era fatal. Sim, sabia que sua arrebatadora chegada - e permanência - seria fatal para alguém. A dúvida tornara-se sua mais fiel companheira...