quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Fragmentos de um pragmático 2012

Essa não vai ser uma antologia emocionada nem uma tocante retrospectiva do ano como foi a desabafante de 2011. O ano foi mais leve? Não creio; nem menos emocionado. 2012 teve muita crueza, muito esforço, muita superação. Muitas lágrimas não derrubadas, muitos daqueles momentos em que se mantém de pé, sorrindo, por uma simples decisão de não fraquejar.

2012 foi fragmentado. Para uma dessas pessoas que criam raízes, como eu sou, trocar de emprego três vezes soa como mácula - mesmo que as trocas tenham sido sempre pra melhor e mesmo que a "troca" esteja "na moda". Mas fazê-las exigiu de mim muito esforço, muita coragem psíquica, revisão e reavaliação dos meus conceitos e longas brigas morais comigo mesma. Pode parecer bobagem, mas o stress me rendeu uma inédita dor no ciático - ok, eu tenho 29. Mas o que mexia comigo mesmo era a natureza das trocas, praticamente duas trocas de "profissão". Soava para meus ouvidos como jogar a tolhar, abrir mão do que eu tinha construído e viver em eterna nostalgia, para, quatro meses atrás, ver resgatado tudo o que achei que poderia estar perdido.

Apesar do stress interno - vocês nao imaginam a canseira e a trabalheira que cada troca de rumos dá numa pessoa. Os neurônios ficam em polvorosa, as emoções oscilantes feito o clima de SP - aprendi DEMAIS. Aprendi a aceitar. Conheci o mundo corporativo. Conheci gente brilhante; conheci gente interessante e conheci o que há de pior no ser humano - intencional ou inconscientemente. Acredite, se você vive exclusivamente numa redação e acha que vê muito do mundo por conta das matérias que faz, você está profundamente enganado. Pare de criticar o capitalismo selvagem, tenha coragem de botar em xeque suas próprias ideologias. É menos piegas, dá mais trabalho, mas pode iluminar mais o seu caminho. Todo mundo tem uma certeza e uma verdade; o mundo é mais cruel e mais cru, menos utópico. 2012 foi o ano do pragmatismo, em contraponto a uma Pamela sempre com a cabeça nas nuvens e pé no chão.

Se há algo de maior a extrair  de cada "parto", foi o contato com as pessoas. Para muito além da natureza de cada atividade, o que a gente aprende mesmo está na troca com as pessoas (reparam quantas vezes a palavra "troca"? Não é má redação, só uma figura de linguagem).  É no convívio com elas que você aprende a se defender, a se posicionar, a chorar-para-mamar, a não ser molenga, mas a manter sempre, sempre mesmo a ternura, o lado humano. Por mais dura que possa parecer a situação. Como já disse, todo mundo tem uma verdade e um sentimento a ser considerado.

Dos 361 dias que passaram, formo algumas imagens no inconsciente: um band-aid numa ferida curada, alguns rostos. Trouxe grandes amigos dessa aventura, como os quatro que deveria ter encontrado hoje (sorry guys, still love you! S2), o ex-chefe, mas sempre e mentor e amigo; a colega de trabalho promovida a amizade anywhere-anytime, a ex-parceria de mesa e noiva do ano de 2013. E aqueles que entraram na minha vida recentemente: sinto que a Padrão ainda tem muito o que mostrar. Fiz muitas parcerias em  2012.

De 2011 para 2012, ficou a mesma certeza, embebida em enredo diferente: o mais importante (e interessante!) é quem a gente conhece no meio desse caminho desconhecido....






Time
Don't let it slip away
Raise yo' drinkin' glass
Here's to yesterday



terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Onde os fracos não têm vez



"Coragem! Vamos, Pamela, coragem, não desiste!"

Se tem algo que eu aprendi com a dança, foi a arte de superar as dificuldades e a superar-me; a conviver com a dor e a desafiá-la. A ter certa resignação perante a aflição física - e mental também, só quem dança sabe a quantas provas sua mente é submetida - e a acreditar, aceitar o fato de que era preciso encarar aquela dor para crescer. E encarar outras dores cada vez maiores e subsequentes para ter alongamento melhor, perna mais alta ou conseguir equilibrar-se. Não fosse o enfrentamento da própria angústia, o treino incessante e o recomeçar depois de cada pirueta espatifada no chão, não haveriam Ana Botafogo nem Mikail Baryshnikov.

Cada aula me ensinou (e ensina ainda) muita coisa que eu levo comigo no dia a dia: a atuar em conjunto, mas também a saber o meu papel individual no meio do todo. A esforçar-me, a esticar-me, a aguentar firme por dentro para não comprometer o conjunto da obra. Era responsabilidade de cada um, em cada coreografia, fazer com que ela saisse conforme o planejado. E fazia parte também sentir o braço doer porque a música falhou, continuar sorrindo depois do escorregão, o partner jogar-se embaixo da colega bailarina porque ela iria dar com o nariz no chão.

No entanto, na era da comunicação rápida-geração Y-obsolescência do novo, resistir parece fora de moda. Troca-se de emprego, de roupa, de marido, animal de estimação e tá tudo resolvido. Trocar é sempre mais fácil do que enfrentar; omitir-se é mais cômodo do que expôr-se. É mais fácil, mas talvez não seja o mais inteligente; o bordão diz que tudo nessa vida tem um preço.


You may say I'm a dreamer, mas eu não acredito em quem esmorece diante da adversidade, em que se melindra, em quem desacredita, em quem desiste. Porque não há nada na vida além disso. Não há garantias, não há certezas, não há plenitude. Quem espera que a vida seja feita de ilusão... 

Ninguém disse que seria fácil, ninguém disse que essa aventura tinha um capítulo só. E que não seja mesmo; o que faz o coração pulsar, a espinha arrepiar é exatamente o desafio. A grandeza de espírito está em saber que os obstáculos são muitos, que os resultados nem sempre são imediatos ou perfeitos, mas que, para sobreviver é preciso resistir. E para chegar, é preciso insistir. É preciso ter coragem. É preciso ter RAÇA. Os fracos não têm vez. Em todos os aspectos.


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A frase lá em cima foi dita, incontáveis vezes, por um grande mestre, o coreógrafo Edy Wilson. Ele me ensinou a não desistir depois de cada bronca; que, por mais demorados que fossem, os ganhos viriam. "É quando eu te corrijo, quando eu brigo com você que eu quero ver você me provar que você pode. Não vai adiantar querer se esconder. Tem que ter RAÇA  pra encarar isso aqui".