sábado, 28 de janeiro de 2017

Posfácio

Vocês ficam ótimos juntos. Essa é a crua verdade que decidi admitir a mim mesma depois de tanto tentar ignorá-la. Percebi que essa atitude só abria um rombo ainda maior dentro de mim. Decidi tentar admitir que ela é perfeita para você. Que ela não é sem graça como tantas vezes eu quis pensar, eu quis acreditar. Que provavelmente você fez a melhor escolha, que eu nunca seria tão descolada quanto ela. E quantas vezes eu me comparei... Em quantas quis buscar uma razão ou qualquer esperança; Quis muitas vezes ver o fim, ter a chance de entender, de ter uma nova oportunidade, de poder me dedicar como eu sempre quis e nunca fiz.

Quis também ter raiva. Me esforcei bastante para isso. E consegui - por um dia ou dois. Mas nunca foi suficiente para suplantar aquela nojenta esperança de te ver e de ter de novo. Quis que desse errado, que você cruzasse meu caminho numa quarta-feira, por acaso, na Paulista. Todo mundo vai à Paulista, todo mundo se encontra na Paulista. Você certamente/obviamente/ocasionalmente estaria por lá. Eu sempre quis jogar ao acaso qualquer fio de esperança - porque sabia que não era plausível esperar qualquer coisa voluntária.

Quando batia a angústia, a incerteza, a solidão, a dúvida e a saudade, eu queria te ter por perto de novo. Mesmo que houvesse alguém ao lado, você era o único que fazia segura. E ia te procurar no mundo virtual - quem sabe haveria de ter chegado o momento? Aquele improvável momento no qual eu haveria de ter uma chance de novo. Mas era um repetido erro - lá estava você sempre com sua família amarela (não foi fácil escrever o "sempre"). De repente e sempre eu era invadida por um choque de crueldade e realidade: eu assistia a toda a história que eu criei para mim, mas eu não era a protagonista. Eu nunca era.

E tudo o que me ensinaram sobre amor, sobre possibilidades, a magia e que as histórias mais tristes eram as mais belas cujos finais eram felizes? Sempre tem alguém que perde nos contos de fada, não é verdade? Muito embora eu não tenha sido nenhuma bruxa má para merecer tal destino. Mas como eu iria acreditar em alguma coisa agora? Sobrou apenas o ceticismo, ainda que com uma ponta de vontade de estar errada. Amor não acontece.

Na verdade, sobraram também os frutos do mar de rupturas ao qual me lancei depois que meu castelo desmoronou - sim, eu me lancei. Porque não conseguia mais lidar com nada que me lembrasse você ou o tempo no qual você esteve presente. Fui te buscar onde você não estava, pra tentar me resgatar. Jurava que poderia captar algum pensamento teu, mas só ouvia os ecos de mim mesma. Por mais que quisesse acreditar, tudo me leva a crer que não havia mais conexão. Offline pra mim, blocked - embora até isso signifique algo. Por que tanto medo de mim?

Me culpei, me culpo ainda, mas chegou a hora de iniciar um novo ciclo de disrupção, como aquele que você inaugurou. Sim, você fica ótimo com ela, é verdade. Aliás, você fica ótimo em e com tudo, até com catchup. Pena que não ficou legal comigo. Encaro isso para poder fechar esse livro.














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