domingo, 13 de agosto de 2017

Summertime

Era uma noite quente, como gostava. O clima a animava; podia atravessar o deserto, escalar o Everest, nadar o Mediterrâneo. Havia se despido, se desafiado, desviado, se desconstruído. Enquanto juntava as peças, o inverno passara num sopro, apesar do calendário. Tinha vigor, tinha luz, tinha sede. De repente, era verão de novo, como sempre fora.

Havia encarado, se testado, enfrentado, provocado. Cegou-se, deparou-se, questionou-se, desfez-se. Desanimou, desapegou, desafetou-se, desabrigou e despertou. Lançou-se, expô-se e narrou. Contou as páginas e contemplou o infinito. Arrancou-as sem muito pensar, sem pesar e sem dor. Eram páginas curtas e a noite não podia esperar.


Nenhum comentário:

Postar um comentário