segunda-feira, 13 de outubro de 2014

O que encanta

Sinceridade é algo que todos evocam, mas que poucos praticam. Para ser sincero, é preciso tato, equilíbrio e ponderação para não ser grosseiro. Caso contrário, deixa de ser sinceridade para ser malcriação. Sinceridade também remete à intimidade e à sutileza. Sem alguma intimidade, não há por que ser sincero. E sem sutileza, vira intromissão.

Sinceridade é respeito, sinal, sobretudo de caráter. Mesmo que não seja indelicadeza, mostrar honestidade e consideração é sempre qualidade. E sinceridade difere muito de manipulação. Há quem dissimule a própria transparência em prol dos votos de credibilidade que não tem. E deixa de ser sincero, mesmo que aparente. Porque sinceridade está na essência que sempre se revela com o entrecruzar das histórias e com o gotejar dos dias.

Sinceridade não serve ao egoísta; é altruísta. Sinceridade é mais uma questão de ética do que de moral: aquilo que vale para o outro, vale para mim também, como lei universal. Sinceridade é muito mais uma questão de querer e fazer; não está, de fato, atrelada às circunstâncias. O sincero sempre encontra o caminho da sinceridade, desde que queira. E sinceridade é carinhosa, nunca agressiva.

O insincero esconde-se atrás das desculpas e da própria petulância; porque custa-lhe muito abrir-se, mesmo que custe mais ainda esquivar-se. O sincero não se esquiva, acolhe, aceita. O não sincero critica, julga. O sincera coloca, argumenta, explica. Mas a grande diferença está na mágoa ou no laço.