terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Onde os fracos não têm vez



"Coragem! Vamos, Pamela, coragem, não desiste!"

Se tem algo que eu aprendi com a dança, foi a arte de superar as dificuldades e a superar-me; a conviver com a dor e a desafiá-la. A ter certa resignação perante a aflição física - e mental também, só quem dança sabe a quantas provas sua mente é submetida - e a acreditar, aceitar o fato de que era preciso encarar aquela dor para crescer. E encarar outras dores cada vez maiores e subsequentes para ter alongamento melhor, perna mais alta ou conseguir equilibrar-se. Não fosse o enfrentamento da própria angústia, o treino incessante e o recomeçar depois de cada pirueta espatifada no chão, não haveriam Ana Botafogo nem Mikail Baryshnikov.

Cada aula me ensinou (e ensina ainda) muita coisa que eu levo comigo no dia a dia: a atuar em conjunto, mas também a saber o meu papel individual no meio do todo. A esforçar-me, a esticar-me, a aguentar firme por dentro para não comprometer o conjunto da obra. Era responsabilidade de cada um, em cada coreografia, fazer com que ela saisse conforme o planejado. E fazia parte também sentir o braço doer porque a música falhou, continuar sorrindo depois do escorregão, o partner jogar-se embaixo da colega bailarina porque ela iria dar com o nariz no chão.

No entanto, na era da comunicação rápida-geração Y-obsolescência do novo, resistir parece fora de moda. Troca-se de emprego, de roupa, de marido, animal de estimação e tá tudo resolvido. Trocar é sempre mais fácil do que enfrentar; omitir-se é mais cômodo do que expôr-se. É mais fácil, mas talvez não seja o mais inteligente; o bordão diz que tudo nessa vida tem um preço.


You may say I'm a dreamer, mas eu não acredito em quem esmorece diante da adversidade, em que se melindra, em quem desacredita, em quem desiste. Porque não há nada na vida além disso. Não há garantias, não há certezas, não há plenitude. Quem espera que a vida seja feita de ilusão... 

Ninguém disse que seria fácil, ninguém disse que essa aventura tinha um capítulo só. E que não seja mesmo; o que faz o coração pulsar, a espinha arrepiar é exatamente o desafio. A grandeza de espírito está em saber que os obstáculos são muitos, que os resultados nem sempre são imediatos ou perfeitos, mas que, para sobreviver é preciso resistir. E para chegar, é preciso insistir. É preciso ter coragem. É preciso ter RAÇA. Os fracos não têm vez. Em todos os aspectos.


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A frase lá em cima foi dita, incontáveis vezes, por um grande mestre, o coreógrafo Edy Wilson. Ele me ensinou a não desistir depois de cada bronca; que, por mais demorados que fossem, os ganhos viriam. "É quando eu te corrijo, quando eu brigo com você que eu quero ver você me provar que você pode. Não vai adiantar querer se esconder. Tem que ter RAÇA  pra encarar isso aqui". 

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