terça-feira, 12 de julho de 2011

A Monja e eu

Ela me olhava nos olhos – desconfiei. Não devia ser. Talvez um rosto diferente? Bem, não devia ser. Vívida, me encarou novamente. Estava com frio nos pés. Encolhi as pernas. Me olhou nos olhos de novo. Fecha os olhos, então. Uma lágrima. Abre, então. Outra. Fecha de novo. E outra. E outra, e outra, e outra lágrima muda. Será que pode chorar por aqui? Melhor não perguntar. Melhor não olhar para os lados também. Olho para ela. “Fui jornalista”... Sim, ela sabia que eu estava ali.

Pensava no Rô. Esqueci. Pensava no motivo que me trouxera ali. Pensava porque eu adiara tanto estar ali, por uns quatro ou cinco anos, mais ou menos. Esqueci. O motivo. Não pensa. Esquece. Lágrima. Enxuga. Pés frios; cruza as pernas, esconde os pés. Lembrei de novo. Não pensei. Não quis pensar. Melhor não pensar. Melhor esquecer. Observei as pessoas, as almofadas, as bolachas. E ela me olhava no fundo; mas não me encarava. Olhava, vívida. Sabia.

Pensei no Rô; olhei pra ela. Pensei em mim. E no motivo. Finalmente começava a esquecer. Ia abraçando as pernas. Uma lágrima só. O cara ao lado fez o mesmo; subiu as pernas e abraçou-as. Fui imergindo ali. Podia? Não sei.

Imaginei que sairia querendo falar e entraria no carro afogada em mim mesma, ensimesmada. Saí quieta. Falava com os olhos. Fiz o caminho mais longo até chegar em casa. Era comigo, sim.

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