sábado, 14 de junho de 2014

Sou de abraço

Sim, eu sou uma pessoa de abraço. Aquela pausa aconchegante que faz o mundo parecer mais verdadeiro, principalmente num momento agudo. Sinto falta dos abraços e dos toques numa sociedade tão conectada e tão desconectada entre si. Faz falta um abraço.

Aquele que te diz: "Amigo, eu sei o que você está passando. Vai ficar tudo bem." Ele é capaz de te salvar no meio da escuridão. Ou aquele abraço de acolhimento, aquele que não quer ter fim. Aqueles abraços ternos e eternos. Que fazem o tempo parar; o mundo deixar de existir. Tem aquele abraço de empatia, que faz derrubar uma lágrima de tão necessário. Tem abraço carinhoso. Abraço que quer dizer algo mais. Abraço de camarada. Abraço maciiiiio. Abraço de proteção.

E tem abraço sem braço. A gente pode se sentir abraçado num longo sorriso de compreensão. E em palavras simples, frases acolhedoras como um abraço. "Puxa, lembrei do seu teste hoje"- mesmo lá de longe. Num voto de confiança, de encorajamento, quando a gente se sente tão só. Dessas coisas que tornam a vida menos mecanicizadas, menos plastificadas e mais sublimes.

E a gente reluta tanto em dar e receber um carinho. Ninguém quer parecer ridículo, ninguém quer parecer over, ninguém quer parecer inadequado. Quando a gente precisa tanto ser visto, ouvido e sentido, nos encerramos nos estereótipos sociais. Aguardando o momento. Seja lá qual for. Se um dia for. Como se houvesse uma aberração prestes a ser revelada. A gente abre mão de nossa própria natureza, afoga as necessidades, mascara o que a gente tem de mais belo e suave. Vive prendendo o choro. E aguando o bom do amor.

Aos 31, não tenho mais medo das vulnerabilidades. Aprendi o que é ser humana, apesar de ainda me assustar um pouco com a nova fase. Deixei de querer ser a durona. Achava bonito ser a fortaleza, carregar o mundo nas costas. De não querer dar trabalho, de não querer parecer fraca; mas abri mão de uma parte importante de mim. Cansei-me disso. Tenho auto-estima, mas estou pronta a derreter-me. Em abraços. Em uma vida de verdade e não de protocolos. E não de imagens e de bytes.



Fake Plastic Trees




Um comentário: