sábado, 20 de setembro de 2014

O momento zero

O momento zero é quase uma fatalidade, uma inevitabilidade da vida, mesmo que passemos nossa existência tentando evitá-lo. Antes, só o vácuo, o pó. É no momento zero que todas as expectativas se cruzam, que faz-se a criação e o conhecimento, em que se dá a luz. Depois, é o trilhar do caminho, fazer-se familiar, tomar conta e contato. E está criada a experiência, a história, a referência.

O momento -1 é a escuridão da pré-gênese. É o instante em que nada é. Tateia-se, infere-se, imagina-se. O -1 existe no campo das ideias, no solúvel. É o túnel sem fim, uma gestação eterna. Nada é, mas tudo pode ser. O caminho é longo.

E existe o início, o instante número 1. Às vezes, ofusca, às vezes é nublado. Pode terminar no 2 ou ser infinito. É o momento da primeira tentativa, do primeiro dia, do primeiro beijo, da primeira viagem. É o campo da experimentação, da sapiência, da concepção.

Me perdoe se não aceitei seu convite, se não te dei bola, se não dei a você e a mim a oportunidade de conhecê-lo. Foi a minha inabilidade de lidar com o momento zero que me impediu. O medo de não saber onde colocar as mãos, de não saber o que dizer e de ter de transpor esse - ugh! - difícil momento do iniciar. E o medo de não gostar ou de gostar de você. E você de mim. E de não saber o que fazer com isso tudo.

E destruo meu próprio temor, encaro que a vida só se faz a quem se dispor ao momento zero. A expandir o que é infinito, sair da zona do conhecido para encarar o novo. A desordem da evolução e da revolução. Desbravar o primeiro passo para que se faça dele uma trilha conhecida. E qualquer paralisia é morte num universo de eterno conhecer.

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