Virou-se. Ouviu o primeiro piar do dia e fechou os olhos novamente. Ainda era madrugada. Ainda custava para que a manhã chegasse - mas que bonita deve ser a aurora, pensou. Mesmo assim, preferiu buscar mais uma vez o sono. Agora já deve ser hora. Desvirou-se. 6:08. Ignorou. Ignorava a si mesmo, a vontade contrária do corpo de sair saltitante. Não, não se reprimia. Tinha certeza. Não era um impulso, mas uma opção. Ao menos naquele momento.
Na escuridão dos próprios olhos fechados, a mente falava. Conversava, esbravejava. Tentava convencê-la a calar-se. Cobriu a cabeça e rendeu-se a um espreguiçar, para entregar-se de novo à imobilidade, certo de que a sensação de relaxamento depois de esticar-se o conduziria a um delicioso sonho. Sentiu um leve torpor e teria adormecido, não fosse agora o forte raio de luz que refletia em um objeto cromado.
Só queria adormecer mais uma vez. Mais um pouco; mais um momento. Será que fazia frio? Decidi que não importava; tinha seus cobertores. Perguntou-se se já havia movimento na rua, mas recusou-se a abrir as cortinas. Já era quase 8 horas, veja só! Esperara tanto! Mas ainda não era o suficiente e deitou-se de bruços.
As pernas já estavam impacientes e o Sol já raiava, mesmo que o dia estivesse reticente. A cidade começava a fazer barulho e tudo já despertava. Questionou o valor das horas, confundiu-se por instante. E cansou. 10:04.
Não, ele ainda não acordou.
Claridade - Ana Carolina
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