quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

O ano da descontrução

Eu normalmente faço essa postagem antes das festas. E este final de ano será atípico; sem viagens, com um hiato entre o começo de um fim e o reinício ainda maior. Sem praia, sem religare, sem desconexão e reconexão. Estou lutando para não sentir apenas uma extensão de hoje e do ontem. Tenho sede de pausa no momento. Por menor que ela seja. Não porque o ano possa ter sido difícil e não porque tenha sido fácil também. Foi difícil no sentido de desafiador e fácil no sentido de ter me trazido inúmeras conquistas - aquelas que podem e aquelas que não se podem ver.

2014 foi uma ano de aprendizado e redescoberta. Não de descoberta. Porque o redescobrir é a proposição de um olhar diferente para o que já estava sendo observado. É um esforço de atualizar conceito, rever atitudes, criticar a si mesma, mesmo que para desmontar-se sem saber o que virá. E em todos os aspectos da minha vida eu fui bem sucedida nesse processo, neste custoso mas gratificante processo. Gratificante desde que se possa olhar os resultados, mesmo que não sejam objetivamente aqueles inicialmente almejados. É valorizar cada ponto marcado.

Este foi o ano de me permitir, de me expressar, de tentar uma tentativa, assim, redundantemente mesmo. Porque nem sempre a gente consegue perceber as próprias falhas e omissões da maneira mais simples e objetiva. E aguardamos infinitamente que as coisas simplesmente aconteçam. Foi o ano de me tornar definitiva e ativamente a protagonista da minha vida. Mesmo que ela não se pareça com comercial de margarina.

Foi o ano de ter coragem. Pra trocar de profissão, para questionar minhas próprias atitudes, para aprender a não ter medo do ridículo, a arriscar, a não carregar arrependimentos novamente. De pagar pra ver. De gostar e achar normal, de ter de esquecer e achar normal também. Estou deixando meus pequenos finais de mundo de lado. Aos 31 estou finalmente começando a dar as caras no mundo, da maneira como eu sempre achei que deveria e recomendaria, mas que nunca fizera. Me desconstruí.
Me revi. Fiquei mais leve.

E de fazer grandes reencontros comigo mesma. De entender que eu mudei. E que não preciso ter medo disso. E reencontrei-me com antigas paixões e com a velha Pamela. E descobri que ambas são capazes de despertar as mesmas emoções de dez ou três anos atrás. Incrível como você ainda causa repulsa; incrível como você ainda me faz sentir saltitante e familiar. Ainda quero as respostas de outro dia, mas temo que elas não me façam diferença agora - já que hoje eu faço diferença. Mas ainda assim as quero, para olhar pra frente. Ou te ter à frente. Mais uma vez, a primeira com a nova versão de mim mesma, muito parecida com cada novo iPhone - nada gritante, mas capaz de agregar muito valor.

Mesmo assim, seguem os tropeços, o aceitar a mim e às circunstância e fazer a melhor limonada suíça com leite condensado - quem sabe uma caipirinha! - e enriquecer com isso. E de também me preocupar mais comigo e menos com os outros. Parece fácil, não é? Até perceber que estava sendo contraditória consigo mesma.

Elegi duas palavras para 2015: ABERTURA e FLEXIBILIDADE. E não estranhem se deixar de lado sem pudor quem não retribui, amizades de espuma, amores cheios de dissabores e se disser que estou gostando muito da Bio Ritmo e que, por hora, não sinto falta de dançar. Aqui não cabe mais nenhum tipo de romantismo, embora ainda sobre muita emoção e sensibilidade.

Desejo-te um autêntico viver em 2015, aquele que pulsa na alma, mesmo que nunca tenha saído da garganta. Desejo que você deixe pular aquela pulguinha atrás da orelha. Ao menos, ela terá saído de lá. No more regrets. No more "ifs".


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